Por que então a rebeldia, a depressão, o inconformismo?
Cláudio Fajardo
Notai que temos por bem-aventurados os que perseveram pacientemente. (Tiago, 5: 11)
Apesar do verbo tomar no versículo anterior ter sido expresso no imperativo – tomai – sugerindo-nos uma ordem, na realidade o evangelista o utilizou como conselho, mostrando-nos que aquele era o melhor caminho.
Aqui ele dá exemplos mais próximos de seus interlocutores para que estes o compreendam melhor. Fica mais fácil entender a lição quando os instrumentos de nosso aprendizado são tirados de nossa própria realidade, de cogitações que naturalmente fazemos.
O Evangelho é o maior instrumento de didática de todos os tempos, se Jesus foi o Mestre por excelência, os evangelistas, sob a orientação do Espírito de Verdade, também se manifestaram como excelentes educadores.
Notai que temos por bem-aventurados os que perseveram pacientemente. Tiago valida assim a sua tese sobre a importância da paciência.
A expressão bem aventurados é comum na literatura bíblica, a encontramos tanto no Velho como no Novo Testamento. Tem por significado felicidade, porém trata-se de uma felicidade íntima da criatura por estar ajustada aos desígnios de Deus. É na realidade uma prova que os judeus criam na imortalidade da alma, pois esta felicidade normalmente não se manifestava na vida presente, os bem aventurados eram na maioria das vezes aqueles que na ótica comum mais sofriam.
Quem os judeus até então tinham por bem aventurados?
Os patriarcas, os profetas, e todos aqueles que, como diz o Salmo, têm o seu prazer na Lei do Senhor
Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.[1]
Sem querer nos estendermos muito no assunto, mas o que Tiago destaca nestes bem aventurados como exemplo a ser conquistado por todos?
A perseverança e a paciência.
Se a paciência é o que dá qualidade ao sofrimento conforme expusemos anteriormente, e é o colorido particular que damos ao processo como a dizer que entendemos o mecanismo da vida, a perseverança é componente essencial a definir o nosso estado de resistência, de fidelidade à proposta Divina, de capacidade de fecharmos um ciclo iniciado com vistas ao reajuste necessário.
E o autor da carta lembra a todos, didaticamente, que aqueles que eles tinham por exemplos de bem aventuranças, de modelos a serem seguidos, eram justamente os que mesmo em dor mais manifestavam-se pacientes e mais perseveravam na Lei do Senhor.
Para nós, principalmente os espíritas, quem são os bem aventurados que admiramos? Lívia, Alcíone, Célia, Francisco de Assis, Chico Xavier…?
Não foram estes pacientes em suas dores, perseverantes em suas manifestações crísticas? Por que então a rebeldia, a depressão, o inconformismo? Onde o exemplo de que desistir é o melhor caminho?
Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração[2]
É o que nos aconselha o apóstolo Paulo; sem esquecermos das orientações de Seu Mestre:
E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações… E dar-lhe-ei a estrela da manhã.[3]
[1] Salmo, 1: 1 e 2
[2] Romanos, 12: 12
[3] Apocalipse, 26 e 28
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